INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ACESSÍVEIS
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A
COMUNICAÇÃO E AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Fátima
Rozana Nascimento da Silva
UFRGS/NIEE
– MEC
Leonice Elci Rehfed Nuglisch
RESUMO
Acreditamos
que a Escola quanto Instituição de Ensino deva estar coesa as leis
e estruturada em parâmetros sólidos para atender a diversidade de
seus estudantes, respeitando a individualidade e as necessidades de
cada pessoa no que se refere à construção do conhecimento e a
formação do cidadão. Assim sendo, mostraremos a aplicabilidade de
uma das ferramentas tecnológicas, a “Prancha Livre de comunicação”
em atividade desenvolvida por aluno diagnosticado de deficiência
intelectual. Nosso objetivo é ressaltar a capacidade produtiva do
indivíduo deficiente e o fundamento das Tecnologias Assistivas na
Educação Inclusiva.
Palavras
chaves: Comunicação, Inclusão e Tecnologias Assistivas
São
Borja-RS
2014
1.
INTRODUÇÃO
Pessoas
portadoras de necessidades especiais sempre existiram. Em muitas
culturas, ao perceber que o bebê nascia com qualquer anomalia era
descartado como um objeto sem utilidade. Em algumas famílias ainda
se percebe a vergonha e a tentativa de esconder o “problema” da
sociedade, daí as estatísticas, muitas vezes, não corresponder à
realidade.
Hoje a visão é outra. Governos e
sociedade em geral se unem para mudar as estatísticas e garantir
maior inclusão e direitos a cidadania das pessoas com limitações,
sejam estas limitações físicas ou cognitivas. Tratando-se de
educandos, seja
estudantes
com transtornos globais do desenvolvimento,
seja, com
altas habilidades/ superdotação. Todos independente da condições
de desenvolvimento devem ser plenamente acolhidos por todas as
instituições de ensino. Portanto, a escola precisa estar
adequadamente preparada quanto a acessibilidade, em todos os âmbitos,
para recebê-los.
Apresentar
alguma deficiência é realidade de muitas pessoas no nosso
cotidiano. Como professores é nosso dever contribuir para melhorar o
desempenho social de nossos estudantes com necessidades especiais.
O
presente estudo tem por finalidade mostrar que o estudante ainda que
apresente algum grau de deficiência, pode ser capaz de produzir e
conquistar autonomia na sociedade.
Tendo
como suporte epistemológico deste trabalho as Tecnologias Assistivas
e fazendo uso da ferramenta Prancha Livre de Comunicação,
buscaremos mostrar que o estudante com baixo rendimento escolar e
diagnosticado como deficiente intelectual tem capacidade de construir
o conhecimento de forma eficiente. Nosso intuito e evidenciar,
principalmente, os aspectos positivos resultantes desta experiência.
2 . OBJETIVOS
2.1
Objetivo Geral:
Desenvolver
habilidades de comunicação construindo textos digitais, a partir da
leitura de imagens em Prancha Livre de Comunicação configurando a
eficiência das Tecnologias Assistivas direcionado ao individuo
portador de necessidades especiais.
2.2 Objetivo Específico
- Apreciar o Software demonstrando domínio da ferramenta;
- Explorar recursos de imagens e recursos linguísticos para se expressar através do computador;
- Retextualizar desenho/Imagens para a construção textual;
- Utilizar a Prancha Livre de Comunicação para expressar as ideias e construir textos;
- Realizar leitura de forma autônoma consultando banco de imagens.
3.
MÉTODOS E MATERIAIS
Com uso de Computador, o aluno construirá um texto a partir da
seleção de imagem e estruturação na prancha livre de comunicação.
Selecionamos apenas um estudante para a execução da atividade.
Primeiramente
nos
reunimos com o aluno para convidá-lo a participar
do trabalho e agendamos horário para apresentarmos nossa proposta.
Logo após, em horário específico, no Laboratório de Informática,
realizou-se as atividades perfazendo um total de 5 períodos de 45
minutos em dias consecutivos.
3.1 Referencial Histórico da Escola
em estudo
A Escola Estadual de Ensino Médio
funciona nos três turnos: manhã, tarde e noite, ensino Regular e
EJA. Atualmente com cerca de 600 alunos distribuídos nos três
turnos. Compõe o quadro de professores cerca de 50 profissionais,
maioria com pós-graduação e alguns com mestrado. No presente ano,
possui 24 alunos com necessidades especiais relacionados: a
deficiência intelectual, deficiência física, baixa visão e
transtorno desintegrativo da Infância. Não dispões de salas
multifuncionais ou tecnologia específica para atender a demanda,
porém há laboratório de Informática com acesso a internet
disponível aos alunos e programas de oficinas. A escola dispõe de
profissional específico para o atendimento dos alunos com
necessidades especiais.
3.2 Perfil do aluno analisado
Selecionamos um
aluno com deficiência Intelectual para desenvolvermos a prática
pedagógica utilizando como Tecnologia Assistiva a ferramenta Prancha
Livre de Comunicação. O estudante possui 15 anos de idade, cursa
o 7º ano do ensino regular. No momento toma medicação do
tipo ansiolítico e anticonvulsivo. Apresenta-se calmo, às vezes até
apático. Não interage com os colegas, se não for estimulado. Lê,
mas não sabe interpretar. Sente medo de expressar seus sentimentos.
Gosta de desenhar e ouvir músicas. Seu sonho é ter um computador em
casa . Segundo os professores envolvidos trata-se
de um indivíduo educado e carinhoso, mas que não consegue
acompanhar o desenvolvimento das atividades e o processo educativo.
Geralmente está sonolento devido ao uso de medicamentos.
3.4
Tenologias Educacionais e Acessibilidade
Sentir dificuldade em acessar certos
ambientes virtuais não é privilégio de pessoas com necessidades
especiais. Nós também, como um todo, sentimos dificuldades em
certos acessos, um site de banco, um site de loja virtual, ao
trocarmos o nosso velho computador por outro mais novo, são exemplos
de situações de entraves digitais e virtuais do nosso cotidiano.
O termo acessibilidade é sinônimo
de aproximação, é contemporaneidade, é o respeito à diversidade
humana (Débora Conforto).
O surgimento de novas ferramentas
crescem desenfreadamente, sem muitas vezes, atenderem às
necessidades dos usuários. Interfaces que criam ambientes
impossíveis de interagir. Quando se pensa no usuário com
necessidades especiais com limitações visuais, ou até cegos, por
exemplo, nos perguntamos: como localizam informações e qual a
linguagem utilizada para fazer esse intercâmbio homem/máquina. Como
executar ações sem afastar o usuário? Estas e muitas outras
questões norteiam pesquisas e estudos nessa área. Por isso requer
pensar antes de projetar as ferramentas. Pensar semioticamente, onde
tudo pode ser texto informativo, os sons, as cores, nos leitores de
telas.
Agora
existe lei que obriga o site seguir padrões da web de forma a
atender o usuário oferecendo a garantida total de acessibilidade,
cabendo
processos e punições na aplicabilidade da lei.
Pensando no usuário que necessita de
ajuda em sanar suas dificuldades as tecnologias voltaram seus
conhecimentos a este contexto e impulsionaram saberes para a
linguagem tecnológica. Direcionando parâmetros e paradigmas à
linguagem/comunicação da Educação Especial, com o objetivo de
atender singularmente o sujeito/usuário. É neste conjunto de
artifícios destinados a fazer-se entender no meio social que entram
as tecnologias na educação, as chamadas Tecnologias Assistivas.
O uso do computador, disponibilizando estratégias lúdicas em
diferentes formas de acessibilidade virtual, vem como mais uma
ferramenta disponível que contribui no melhor desenvolvimento da
criança ou jovem, não apenas no que se refere à comunicação, mas
também a tornando parte de um contexto social, configurando
referências na formação de identidade pessoal e social melhorando
sua autoestima na sociedade a que esta inserida.
3.5 Proposta de Atividade
3.5.1
Estrutura Curricular
Modalidade /
Nível de Ensino
|
Componente
Curricular
|
Tema
|
---|---|---|
Ensino
Fundamental Final
|
Educação
Especial
|
Comunicação
e Tecnologia Assistiva
|
Ensino
Fundamental Final
|
Educação
Especial
|
Linguagem:
prática de produção de textos
|
Ensino
Fundamental Final
|
Educação
Especial
|
Análise
linguística: processos de construção de significação para
deficientes Intelectuais
|
Ensino
Fundamental Final
|
Educação
Especial
|
Análise
e reflexão sobre a língua nas tecnologias assistivas
|
3.5.2.
Ferramentas de Acessibilidade -
Prancha livre de Comunicação
Figura 01
A
Prancha Livre de Comunicação é um software que foi desenvolvido
para automatizar esse processo de comunicação alternativo,
provendo facilidades de uso através do computador.
A
simbologia contida na prancha foi desenvolvida especialmente para
esse fim, sendo permitida para uso geral.
3.5.3 Ação Pedagógica
O aluno recebeu a orientação de
construir uma prancha de comunicação utilizando imagens das partes
do corpo humano. Foi construída uma prancha com seis imagens que
representam: Boca, Braço, Pé, Mão, Nariz e Olhos. Demonstrando
bastante dificuldade em compreender a forma estrutural do software,
o aluno elaborou uma prancha com apenas seis gravuras. Foi sugerida
a inserção de adjetivos que caracterizasse cada figura, mas o
aluno não soube reconhecer as classes gramaticais. Lê com
dificuldade e quase não entende o que lê.
Figura 02
Em outro horário o aluno elaborou
outra atividade ainda utilizando a prancha de comunicação, criou
uma sequência de imagens buscando representar a escola e sua
rotina. Porém foi sugerido que construísse um texto dizendo o que
entendera pela sequência de imagens referente a construção na
figura 02.
Durante a atividade constatou-se
dificuldades, mas conseguiu construir poucas
frases que resultaram da leitura das imagens da prancha de
comunicação. “ As pessoas
precisam da boca pra comer do braço para trabalhar do pe pra
caminha e dos olhos pra ver as coisas...”
4. RESULTADOS
Com o plano de ação pedagógica
desenvolvido, foi constatado que a atividade executada serviu para
diagnosticar as dificuldades apresentadas e a partir destas elaborar
trabalho de acompanhamento mais preciso e criterioso. Ofereceu-se
horário específico e atendimento personalizado, no laboratório de
Informática para que o aluno pudesse conhecer melhor os
equipamentos tecnológicos. Obteve, por uma semana, aula de
digitação, noções da web e praticou a utilização da Prancha
Livre de Comunicação evidenciando mais desenvoltura. Constatou-se
melhor aproveitamento e vontade de buscar novos conhecimentos.
Sem dúvida a prática apresentada
possibilitou ao aluno, além de agregar conhecimentos, também
melhor convívio social. Os professores informaram que o aluno
apresentou melhor resultado no índice de aprendizagem e também na
forma de interação entre os colegas e professores. Embora com
pouca noção de informática não se recusou a fazer as tarefas.
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
elemento facilitador da aprendizagem, sem dúvida são as
tecnologias. Desta maneira, o professor deve estar sempre atualizado
para acompanhar o processo educativo como um todo. A criança que
participa na execução de projetos pode contribuir e ter reflexo
positivo no grupo todo. Traz avanço na comunidade acadêmica, pois
mostra novos caminhos, necessidades e formas de agir. Esse resultado
faz da criança ou jovem um ser pleno, realizado por estar
apresentando um trabalho feito por ele ou que ele contribuiu na
execução e que está atravessando fronteiras do preconceito e do
conhecimento. Hoje as universidades estão cheias de alunos com
alguma deficiência, cegos, surdos, que antes se acreditava jamais
chegar a um curso superior, e agora desafia as universidades a se
organizar cada vez melhor para recebê-los e conduzi-los a crescer
como profissional, como cidadão, como pessoa de direito pleno.
Muito
ainda pode ser feito, mas esta ação pedagógica serviu para mostrar
novas formas de aprendizagem. Que o processo ensino aprendizagem
voltado para a Educação Inclusiva torna-se mais acessível quando
auxiliado pelas Tecnologias Assistivas.
As
pessoas precisam ter consciência da responsabilidade que têm ao
tratar com pessoas especiais. Priorizar e enfatizar suas
potencialidades e habilidades, ainda que não consigam efetivar todos
os seus objetivos de aprendizagem, pelo menos possam socializar-se e
melhorar sua autoestima em fazer parte de um novo grupo social que é
a escola.
“Deficiência é não enxergar nas
pessoas, as suas verdadeiras eficiências.”
- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ASSISTIVA,
tecnologia e educação. Disponível em
http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html.
Acesso
em setembro 2014.
CADERNO pedagógico: curso de formação
de professores em tecnologias da informação e comunicação
acessíveis: volume 2/ [organizado por] Lucila Maria Costi Santarosa
...[ et al.]. - Porto Alegre: Evangraf, 2014.
____.DECRETO
Nº 7.611/2011.
Dispõe
sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado
e dá outras providências. Disponível
emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2011/Decreto/D7611.htm.
Acesso em setembro, 2014.
KOCH,
Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 9ª
Ed. SãoPaulo:Contexto,2007.____.LEI
No
10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.
Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, e dá outras providências.Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm.
Acesso em setembro de 2014.